Um mês após tornado, Rio Bonito do Iguaçu se reconstrói com auxílio de R$ 50 milhões do Governo

"Começou aquele barulho e minha filha pegou o Pietro, meu neto de um aninho, e puxou para o lado em que eu estava, perto do banheiro. Nós nos juntamos todas, nos abraçamos e oramos, sempre protegendo o Pietro. Dizem que durou 40 segundos, mas parecia um ano.” O relato resume um trauma que completa um mês: o desespero de ver a casa destruída por um tornado, descrito pela faxineira Rosalina Gonçalves Rodrigues, de 44 anos, 25 deles em Rio Bonito do Iguaçu (PR). Ela dividia o lar com três filhas e o neto no município de 14 mil habitantes na região centro-sul do estado, um local que agora é lembrança da força devastadora dos eventos climáticos extremos.
Com o dedo apontado em direção ao chão de terra, ela indica os escombros do que até um mês atrás eram paredes, pilastras e pilares. Os danos espalhados já não fazem Rosalina chorar. O sentimento atual é uma mistura de otimismo e esperança. Uma reconstrução que ainda vai exigir um tempo, mas que conta desde o dia seguinte à tragédia com presença e acolhimento do Governo do Brasil.
Logo no dia 8, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais da Presidência), paranaense de Curitiba, visitou Rio Bonito e ajudou na coordenação integrada das ações na cidade e em municípios vizinhos. Já no dia 11, o Governo havia aprovado dois planos de trabalho, com R$ 25 milhões para reparo de infraestruturas públicas essenciais. Após 10 dias, o investimento federal superava R$ 44 milhões para múltiplas ações em apoio aos paranaenses.
Segundo Josias Lesch, representante da SRI designado como coordenador das iniciativas federais na região, o conjunto de auxílios supera R$ 50 milhões. “Planilhado pelos ministérios, principalmente o da Integração e do Desenvolvimento Regional, são R$ 45 milhões, mais a contribuição de Itaipu Binacional. São recursos para reconstruir escola, ginásio, centro cultural, rodoviária e ajuda humanitária. Um valor grande foi destinado à limpeza e retirada de escombros e lixo, mais de R$ 8 milhões”, detalhou.
“O Governo do Brasil coloca esse dinheiro na recuperação do município, faz a articulação dos ministérios em campo — mais de 90 profissionais — e com as esferas municipal e estadual, mas também com movimentos da sociedade civil organizada presentes no território. E o estado do Paraná faz a parte das moradias e outras ajudas”, explicou Lesch.
GATILHOS EMOCIONAIS – Uma das vertentes essenciais da presença federal é o acolhimento de quem perdeu tudo e em ações voltadas para cuidar da saúde mental. Um abrigo provisório foi montado em um hotel da cidade. Profissionais da Força Nacional do SUS e do Sistema Único de Assistência Social passaram a atender famílias e crianças. Isso porque voltar à escola e a atividades cotidianas muitas vezes é desafiante, porque qualquer mudança do clima, formação de nuvens escuras ou ventos mais intensos se tornam gatilhos emocionais. Dão a sensação de que algo similar ao que ocorreu em novembro possa se repetir.
“Foi muito bom ir para o abrigo, pois ficamos mais confortáveis e à vontade. Lá a minha menina foi, logo nos primeiros dias, atendida por psicóloga, porque chorava muito e nem podia ver como estava a casa que começava a chorar. As meninas ainda não foram à escola. Vão continuar sendo acompanhadas para ver se conseguem se concentrar. Eu também preciso me controlar quando vem chuva, porque ainda fico com medo de elas saírem de perto e acontecer uma coisa ruim”, explicou Rosalina.
Foto: Diego Campos / Secom / PR















